Robô Philae pousa em cometa e envia dados
AFP - Agence France-Presse
Publicação: 12/11/2014 20:52 Atualização:


A Europa fez história nesta quarta-feira, ao conseguir pousar seu primeiro robô em um cometa, mas o veículo não se firmou adequadamente no solo, despertando preocupação no controle da missão.
O laboratório mecanizado, do tamanho de uma geladeira e com cerca de 100 quilos de peso, tocou a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em uma manobra de alto risco, a mais de 510 milhões de quilômetros da Terra, anunciou a Agência Espacial Europeia (ESA).
Mas, ao invés de se prender à superfície do corpo celeste após uma descida de sete horas a partir da Rosetta, a sonda à qual estava acoplado, o robô pode ter pousado em uma superfície macia ou quicado suavemente para depois se estabilizar.
"Assim, talvez hoje não tenhamos pousado uma, mas duas vezes", disse o gerente encarregado do módulo Philae, Stephan Ulamec, no centro de controle em Darmstadt, Alemanha, algumas horas depois do pouso.
"Esperamos estar lá, posicionados na superfície em uma localização sutilmente diferente daquela do pouso original e continuar a fazer ciência", prosseguiu.
Vários instrumentos a bordo de Philae já enviaram à Terra uma "montanha de dados", afirmou.
Os engenheiros ainda precisam descobrir o que levou o robô a falhar no lançamento do par de ganchos na superfície do cometa, desenvolvidos para evitar que se afaste do corpo celeste, que tem baixíssima gravidade. Até agora, sua sorte é um mistério.
"Será que apenas pousamos em uma caixa de areia macia e tudo está bem, embora não tenhamos atracado, ou será que algo mais está acontecendo?", questionou Ulamec.
Com as comunicações entre Philae e a sonda comprometidas nas próximas horas, algo esperado pois Rosetta desaparece na órbita atrás do cometa, pode ser que haja poucas informações antes do boletim à imprensa, previsto para as 13H00 GMT (11H00 de Brasília) desta quinta-feira.
- 'Um grande passo' -
Apesar das incertezas, houve comemoração quando o Philae se separou de Rosetta, como previsto, e se dirigiu para o "67P" depois de uma jornada de uma década e 6,5 bilhões de quilômetros.
Uma multidão de cientistas, convidados e VIPs, inclusive dois astrônomos ucranianos que descobriram o cometa, em 1969, comemoraram quando chegou à Terra o sinal, confirmando o contato com o cometa.
"Este é um grande passo para a civilização humana", disse o diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain.
"Nossa ambiciosa missão Rosetta garantiu seu lugar nos livros de História. Não apenas é a primeira órbita e o primeiro encontro com um cometa, mas agora também é o primeiro envio, de parte de uma sonda, à superfície de um cometa", prosseguiu.
O diretor de ciência planetária da Nasa, Jim Green, também comemorou o feito.
"Quão audacioso, quão excitante, quão inacreditável é conseguir pousar em um cometa, dar este passo que todos queríamos dar, de uma perspectiva científica", afirmou.
"É o começo de algo importante. O Sistema Solar é da humanidade: esta missão é o primeiro passo para conquistá-lo. Ele é nosso", prosseguiu.
Aprovada em 1993 e com custo de 1,3 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão), a missão Rosetta se lançou ao espaço em 2004, levando junto o módulo Philae, equipado com 10 instrumentos.
Sonda e robô alcançaram seu alvo em agosto deste ano, usando o empuxo gravitacional da Terra e de Marte como verdadeiros estilingues espaciais.
Philae deveria ter feito uma descida suave, a 3,5 km/h sobre "67P" e disparado um par de ganchos sobre sua superfície, garantindo estabilidade durante suas explorações científicas.
Na última checagem antes da separação, um problema foi detectado com o pequeno propulsor no topo do robô, criado para neutralizar qualquer recuo durante o pouso.
Mas a falha não foi considerada séria o suficiente para suspender a contagem regressiva.
Ao orbitar lentamente o "67P" desde agosto, Rosetta fez algumas observações surpreendentes sobre o cometa.
Seu contorno lembra de alguma forma o de um patinho de borracha, mais escuro que o carvão e com uma superfície retorcida e bombardeada por bilhões de anos no espaço, o que fez dele um ponto difícil de pousar.
A missão de Philae inclui perfurar a superfície do cometa e analisar amostras de marcadores de isótopos de água e moléculas complexas de carbono.
Em Toulouse, sul da França, o astrofísico Philippe Gaudon, que chefia a missão Rosetta na agência espacial francesa (CNES), afirmou que será difícil para Philae fazer perfurações no cometa se não estiver atracado.
"Apesar disso, Philae não tombou e parece estar se estabilizando", acrescentou Gaudon. "E vários instrumentos continuam a operar, sobretudo de medição de temperatura, vibração, magnetismo, etc".
Ele e outros cientistas esperam que as amostras da perfuração do cometa lancem luz sobre como o nosso Sistema Solar e até mesmo a vida na Terra foram criados.
Segundo a teoria corrente, os cometas bombardearam a nascente Terra 4,6 bilhões de anos atrás, trazendo para cá moléculas de carbono e a preciosa água, partes importantes da caixa de ferramentas fundamental para a vida no nosso planeta.
Philae tem bateria suficiente para realizar cerca de 60 horas de trabalho, mas pode continuar até março, com uma recarga solar.
O que quer que aconteça com sua carga, Rosetta continuará a acompanhar o cometa, analisando-o com 11 instrumentos quando orbitar o Sol no ano que vem. A missão está prevista para terminar em dezembro de 2015.
O laboratório mecanizado, do tamanho de uma geladeira e com cerca de 100 quilos de peso, tocou a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em uma manobra de alto risco, a mais de 510 milhões de quilômetros da Terra, anunciou a Agência Espacial Europeia (ESA).
Mas, ao invés de se prender à superfície do corpo celeste após uma descida de sete horas a partir da Rosetta, a sonda à qual estava acoplado, o robô pode ter pousado em uma superfície macia ou quicado suavemente para depois se estabilizar.
"Assim, talvez hoje não tenhamos pousado uma, mas duas vezes", disse o gerente encarregado do módulo Philae, Stephan Ulamec, no centro de controle em Darmstadt, Alemanha, algumas horas depois do pouso.
"Esperamos estar lá, posicionados na superfície em uma localização sutilmente diferente daquela do pouso original e continuar a fazer ciência", prosseguiu.
Vários instrumentos a bordo de Philae já enviaram à Terra uma "montanha de dados", afirmou.
Os engenheiros ainda precisam descobrir o que levou o robô a falhar no lançamento do par de ganchos na superfície do cometa, desenvolvidos para evitar que se afaste do corpo celeste, que tem baixíssima gravidade. Até agora, sua sorte é um mistério.
"Será que apenas pousamos em uma caixa de areia macia e tudo está bem, embora não tenhamos atracado, ou será que algo mais está acontecendo?", questionou Ulamec.
Com as comunicações entre Philae e a sonda comprometidas nas próximas horas, algo esperado pois Rosetta desaparece na órbita atrás do cometa, pode ser que haja poucas informações antes do boletim à imprensa, previsto para as 13H00 GMT (11H00 de Brasília) desta quinta-feira.
- 'Um grande passo' -
Apesar das incertezas, houve comemoração quando o Philae se separou de Rosetta, como previsto, e se dirigiu para o "67P" depois de uma jornada de uma década e 6,5 bilhões de quilômetros.
Uma multidão de cientistas, convidados e VIPs, inclusive dois astrônomos ucranianos que descobriram o cometa, em 1969, comemoraram quando chegou à Terra o sinal, confirmando o contato com o cometa.
"Este é um grande passo para a civilização humana", disse o diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain.
"Nossa ambiciosa missão Rosetta garantiu seu lugar nos livros de História. Não apenas é a primeira órbita e o primeiro encontro com um cometa, mas agora também é o primeiro envio, de parte de uma sonda, à superfície de um cometa", prosseguiu.
O diretor de ciência planetária da Nasa, Jim Green, também comemorou o feito.
"Quão audacioso, quão excitante, quão inacreditável é conseguir pousar em um cometa, dar este passo que todos queríamos dar, de uma perspectiva científica", afirmou.
"É o começo de algo importante. O Sistema Solar é da humanidade: esta missão é o primeiro passo para conquistá-lo. Ele é nosso", prosseguiu.
Aprovada em 1993 e com custo de 1,3 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão), a missão Rosetta se lançou ao espaço em 2004, levando junto o módulo Philae, equipado com 10 instrumentos.
Sonda e robô alcançaram seu alvo em agosto deste ano, usando o empuxo gravitacional da Terra e de Marte como verdadeiros estilingues espaciais.
Philae deveria ter feito uma descida suave, a 3,5 km/h sobre "67P" e disparado um par de ganchos sobre sua superfície, garantindo estabilidade durante suas explorações científicas.
Na última checagem antes da separação, um problema foi detectado com o pequeno propulsor no topo do robô, criado para neutralizar qualquer recuo durante o pouso.
Mas a falha não foi considerada séria o suficiente para suspender a contagem regressiva.
Ao orbitar lentamente o "67P" desde agosto, Rosetta fez algumas observações surpreendentes sobre o cometa.
Seu contorno lembra de alguma forma o de um patinho de borracha, mais escuro que o carvão e com uma superfície retorcida e bombardeada por bilhões de anos no espaço, o que fez dele um ponto difícil de pousar.
A missão de Philae inclui perfurar a superfície do cometa e analisar amostras de marcadores de isótopos de água e moléculas complexas de carbono.
Em Toulouse, sul da França, o astrofísico Philippe Gaudon, que chefia a missão Rosetta na agência espacial francesa (CNES), afirmou que será difícil para Philae fazer perfurações no cometa se não estiver atracado.
"Apesar disso, Philae não tombou e parece estar se estabilizando", acrescentou Gaudon. "E vários instrumentos continuam a operar, sobretudo de medição de temperatura, vibração, magnetismo, etc".
Ele e outros cientistas esperam que as amostras da perfuração do cometa lancem luz sobre como o nosso Sistema Solar e até mesmo a vida na Terra foram criados.
Segundo a teoria corrente, os cometas bombardearam a nascente Terra 4,6 bilhões de anos atrás, trazendo para cá moléculas de carbono e a preciosa água, partes importantes da caixa de ferramentas fundamental para a vida no nosso planeta.
Philae tem bateria suficiente para realizar cerca de 60 horas de trabalho, mas pode continuar até março, com uma recarga solar.
O que quer que aconteça com sua carga, Rosetta continuará a acompanhar o cometa, analisando-o com 11 instrumentos quando orbitar o Sol no ano que vem. A missão está prevista para terminar em dezembro de 2015.
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