segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Água de lençol freático em edifícios de SP pode ser usado para limpeza

Folha de S.Paulo
MARCOS DÁVILA
DE SÃO PAULO 
23/11/2014 - 02h00

Faz dias que não chove. O sol castiga o asfalto no bairro da Liberdade e eis que surge um riacho veloz na sarjeta da rua Dr. Tomaz de Lima (região central). O nível do reservatório Cantareira registra apenas 10% de sua capacidade, contando o volume morto. Então, de onde vem tanta água em plena crise hídrica?

A corredeira chega a fazer barulho, arrastando as folhas secas e bitucas de cigarro à beira do meio-fio. Será algum desavisado limpando a calçada com o esguicho? Ninguém à vista naquele trecho da via.

O mistério é resolvido ao dobrar a esquina na rua Conde de Sarzeda, no alto da ladeira. O aguaçal vem de um cano na calçada em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, no Edifício 9 de Julho, número 100.

"Com essa água dava para lavar a nossa frota de carros", diz um motorista que trabalha no tribunal. Segundo ele, a água jorra de meia em meia hora. Todos os dias são despejados milhares de litros na sarjeta, que já ganhou uma camada de limo.

Devido à profundidade da fundação do prédio, a água do lençol freático é desviada para um reservatório para não causar alagamento nas garagens dos subsolos. De quando em quando, a bomba é acionada, lançando o excesso de líquido para a rede pluvial na rua.

De acordo com o Tribunal de Justiça, "foram feitas diversas tentativas de reutilização da água, mas o forte cheiro de esgoto inviabiliza o uso".

Esse tipo de situação se repete em centenas de prédios na cidade, porém, não existe um levantamento oficial que contabilize todos os casos de edificações que fazem brotar água do lençol freático por conta da profundidade da fundação.

Dependendo da região da cidade, esses reservatórios superficiais subterrâneos, abastecidos pelas chuvas e vazamentos da rede pública, podem ser atingidos a menos de cinco metros de profundidade.

ARMAZENAMENTO

Na rua Estevão Barbosa, nos fundos do edifício residencial Spazio di Vivere, na Vila Anglo (região oeste), um cano lança água na rua. Segundo o zelador Miguel Ramos da Costa, 55, a construção atingiu o lençol freático e precisa bombear a água para não inundar o segundo subsolo.

Parte da água drenada é armazenada em um poço em um reservatório de 5.000 litros e é usada para lavar o pátio e regar as plantas.

"Não é água potável, mas fizemos uma análise no Instituto Adolfo Lutz e ela foi considerada satisfatória para esse uso", diz o zelador.

Logo em frente fica um depósito de material reciclável. Indignado com o desperdício, o proprietário Roberto Barriento, 46, criou um sistema de captação com um pedaço de cano e uma mangueira.

São necessários apenas três minutos para encher um tonel de 200 litros, tamanha a pressão. Ele trabalha há 28 anos no mesmo local e aproveita a água para lavar os carros e o pátio.

"Liguei para a Sabesp várias vezes, mandei e-mail, mas ninguém vem", diz Barriento. A empresa não é responsável pelos casos de rebaixamento do lençol freático -apenas se a água for direcionada para a rede de esgoto, cuidada pela estatal, é preciso pagar taxa mensal.

As águas subterrâneas são assunto do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Por meio de sua assessoria de comunicação, o Daee afirma que "o processo de lançamento dessa água [dos lençóis freáticos] na sarjeta é uma prática regular, pois, dessa maneira, ela cumpre o seu ciclo hídrico. O não descarte desse recurso pode ser prejudicial à estrutura do imóvel".

Segundo o Daee, para o descarte em via pública, não é necessária nenhuma formalização.

O pedido de outorga ou cadastramento só é necessário quando se faz a utilização da água. Em setembro, o órgão publicou uma portaria que permite o uso de recursos hídricos decorrentes de rebaixamento de lençol freático. Quando a captação atinge uma quantidade igual ou superior a 5.000 litros por dia, está sujeita ao cadastramento e à outorga. Se for inferior, é necessário apenas o cadastramento.

De acordo com a Cetesb (companhia ambiental de SP), a água proveniente do rebaixamento do lençol não pode ser ingerida e deve ser armazenada separadamente da água potável da rede pública.

"Estamos jogando fora uma coisa que agora tem valor, mas antes não se dava bola", afirma Reginaldo Bertolo, diretor do Cepas (Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas), da USP, sobre os recursos do lençol freático. Ele explica que essas águas tendem a ter uma qualidade ruim.

"Toda sorte de atividades que acontecem na superfície geram poluentes que migram solo adentro até alcançar o aquífero freático."

Os vazamentos da rede pública de esgoto, de postos de gasolina e de fossas são apontados como os principais causadores de contaminação. Os resíduos industriais podem gerar uma poluição ainda mais tóxica.

Mesmo sem potabilidade, esse recurso hídrico poderia ser utilizado para lavagem de calçadas, pátios e carros, rega de jardins e até como descarga sanitária. "Prédios que drenam continuamente a água do freático devem investir num reservatório para que a água seja usada para fins não nobres", diz Bertolo.

O professor de engenharia hídrica Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reuso de Água, cita o exemplo do Sesc Pinheiros, na zona oeste.

Durante a construção, brotou água com alta concentração de ferro em dois pontos da garagem. Depois de tratada, a água pode ser usada nas bacias sanitárias e na limpeza do piso. Mensalmente, são captados e utilizados 600 mil litros.

ÁGUAS PROFUNDAS

Um estudo do Cepas mostra que há hoje uma oferta de 16 mil litros de água por segundo nos aquíferos da região metropolitana. É uma vazão compatível com uma Guarapiranga inteira, que abastece 4,9 milhões de pessoas. Dez mil litros de água por segundo já são utilizados por poços privados, inclusive os clandestinos.

De acordo com o diretor do Cepas, é preciso diferenciar a água encontrada no aquífero superficial —que pode aparecer nas garagens dos prédios— daquela dos poços profundos, chamados de artesianos.

Esses poços chegam a ter entre 150 e 200 metros de profundidade e captam uma água de boa qualidade. A vazão é alta e permite atender demandas de hospitais, creches, escolas, indústrias e condomínios.

A maior parte deles, no entanto, é ilegal. O mesmo estudo do Cepas mostra que, dos 12 mil poços 60% são clandestinos. Além disso, existem áreas superexploradas. "Algumas zonas estão secando", alerta.

O diretor do Cepas explica que a quantidade de poços profundos utilizada para o abastecimento público é irrisória. Esse recurso deveria ser considerado nas épocas de seca.

"É uma água privatizada. Talvez chegue o momento em que alguma autoridade pública decrete estado de calamidade ou emergência e esses poços particulares sejam requeridos. A água subterrânea pode desempenhar um papel muito importante para a segurança hídrica da população, principalmente em momentos de escassez".

terça-feira, 18 de novembro de 2014

INFORMAÇÕES PARA O NOVO SÉCULO

Pré-sal vs. mudança climática

31.10.2014

Para produzir a reportagem sobre política energéticaMão e contramão, publicada na edição 90, Página22 foi a campo pesquisar a relação de tempo existente entre o início da exploração do pré-sal brasileiro, que atingirá cinco milhões de barris ao dia em 2021, e a queda da demanda mundial por fontes de energia fóssil. Há um forte consenso de que por volta dos anos 2050 os países estarão em plena transição de suas matrizes energéticas para fontes renováveis. A proposta que orientou a reportagem foi: haverá tempo de o Brasil usufruir do potencial de riqueza do pré-sal? Ou, para tentar impedir o aumento além dos 2 graus na temperatura média da Terra, o mundo fará a transição para a energia renovável mais rápido do que se pensa?

Veja a integra das entrevistas com Roberto Schaeffer, Carlos Rittl e Maurício Tolmasquim

A seguir, entrevista com Roberto Schaeffer, professor de planejamento energético da Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Se o Brasil exporta petróleo do pré-sal, que é um petróleo bom, você até poderia dizer sim que o País está ajudando a reduzir as emissões no mundo. Afinal, o mundo terá a opção de consumir um petróleo de melhor qualidade e não um ruim como o canadense ou o venezuelano”

Sob a perspectiva da mudança climática, existe um paradoxo no fato de o Brasil iniciar a exploração do pré-sal em um momento que deveria ser de restrição às energias fósseis?

No começo deste ano, eu e outros dois colegas da Coppe (Alexandre Szklo e Rodrigo Lucchesi), publicamos um artigo científico no Energy Policy justamente discutindo essa questão. (José) Goldemberg (professor da Universidade de São Paulo) nos convidou para escrevermos juntos o artigo “Oil and natural gas prospects in South America: Can the petroleum industry pave the way for renewables in Brazil?” sobre o pré-sal no Brasil para o (jornal) Energy Policy. O artigo mostra que quando se começa a produzir petróleo não obrigatoriamente cria-se demanda por esse petróleo. Os carros já estão na rua, as pessoas já estão consumindo. Não é porque o Brasil achou petróleo que irá consumir mais petróleo. O que vai ou não fazer isso são outras políticas associadas a questão do pré-sal. Por exemplo, neste momento (a entrevista foi realizada em 10 de outubro), para controlar a inflação, o governo está mantendo o preço da gasolina artificialmente baixo. Com isso, o Brasil está consumindo mais gasolina, está emitindo mais e não tem nada a ver com o pré-sal.
Ou seja, achar e produzir petróleo não tem relação direta com as emissões?

Exato. O Brasil não vai dirigir mais carro porque tem pré-sal. As emissões dependem de como esse petróleo será consumido e de que preço ele terá. Outro ponto é: o petróleo do pré-sal brasileiro é relativamente de boa qualidade. É leve, o que torna mais fácil produzir derivados de alto valor agregado como gasolina, diesel e querosene de aviação. Isso significa gastar muito menos energia, emitir muito menos do que se esse mesmo derivado fosse feito a partir de um petróleo pesado. Hoje o Canadá é o principal fornecedor dos EUA e seu petróleo é produzido a partir de areias betuminosas. É uma areia dura, sólida. O processo é complicadíssimo e emite muito para fazer gasolina e diesel. Dado que os melhores petróleos do mundo estão acabando, o mundo está indo para petróleos cada vez piores.

Quer dizer que o pré-sal pode até ajudar a diminuir as emissões? Parece bem contraditório.

Não se trata de uma defesa do petróleo, mas, nesse caso, partindo do pressuposto de que não se está criando demanda nova para o petróleo, se o Brasil exporta petróleo do pré-sal, que é um petróleo bom, você até poderia dizer sim que o País está ajudando a reduzir as emissões no mundo. Afinal, o mundo terá a opção de consumir um petróleo de melhor qualidade e não um ruim como o canadense ou o venezuelano.

Sem querer dar uma de advogado do diabo, a priori você não pode achar ruim um país que investe em petróleo. Queira ou não o mundo vai ficar dependente de petróleo pelos próximos 40 ou 50 anos. Os aviões vão continuar a voar com petróleo. Os carros comprados hoje vão ficar nas ruas pelo menos uns 20 anos. Não é de uma hora pra outro que o mundo vai ficar sem petróleo. Assim, é melhor que ele consuma um produto bom do que um produto ruim.

Há uma questão também que é a associação do petróleo, no caso do pré-sal, com gás natural. Em princípio não faz sentido econômico furar um poço para produzir gás natural. O normal é furar um poço para produzir petróleo e se tiver gás natural é um benefício adicional. O gás natural é visto um pouco como o combustível que vai permitir a transição de um mundo mais carbono intensivo para um mundo menos carbono intensivo, ou até um mundo quase sem carbono. O petróleo do pré-sal permitirá, por exemplo, que o Brasil possa expandir parte da sua geração elétrica mais para o gás natural e não tanto para o carvão.
Explique melhor essa participação do gás natural, por favor.

Para lidar com a intermitência das fontes renováveis eólica e solar é preciso ter outra fonte que tenha partida rápida e consiga fazer com que o sistema não caia. O gás natural é visto talvez como o melhor combustível para fazer esse papel. O carvão, a energia nuclear e a própria lenha ou bagaço de cana não se prestam a isso porque não têm essa velocidade de partida.

Melhor que o gás natural é a hidroeletricidade porque turbinas hidráulicas conseguem ligar muito rapidamente. Mas dado que o Brasil cada vez mais está indo para usinas a fio d’água, ou seja, sem reservatório, o Brasil ou as hidrelétricas brasileiras começam a perder essa capacidade de firmar essa intermitência dos renováveis.

Mas o mundo está caminhando para as renováveis, será que o Brasil está fazendo um bom negócio ao investir no pré-sal?

Nesse artigo (do Energy Policy) a gente mostra um pouco isso. Dado que o mundo durante algum tempo ainda vai depender do petróleo, como os royalties poderiam ser bem aplicados no Brasil? Justamente para lidar com educação e para preparar o sistema energético brasileiro para um futuro só dependente de renováveis. Mas esse futuro vai precisar de muito dinheiro para vir a acontecer e talvez o pré-sal venha a ser uma boa fonte de recurso para se viabilizar esse projeto. A linha do nosso artigo é não demonizar o petróleo, mas mostrar como usar o petróleo para se preparar para um mundo que não emita mais carbono.

Mas o Brasil vem reduzindo os investimentos em renováveis.

Dei uma aula  na PUC do Rio de Janeiro a convite do (jornalista e professor) André Trigueiro sobre mudança climática. Um aluno perguntou por que o País gastava  dinheiro com o pré-sal e não gastava com eólica e solar. Eu respondi que no fundo são dinheiros diferentes. Se você for a um banco hoje, em qualquer lugar do mundo e pedir emprestado US$ 200 milhões para investir em solar no Brasil não vai conseguir.  O motivo é que se o  negócio quebrar não haverá nenhuma garantia para dar em troca. Mas se você pedir US$ 200 milhões para financiar a produção de petróleo do pré-sal conseguirá. Se você quebrar o banco pega o seu petróleo. Não há risco nenhum. Então, quando falam que se gasta em petróleo  o que poderia ser gasto em renováveis, eu digo que são dinheiros diferentes. O dinheiro do petróleo se paga. O do solar e o do eólico não obrigatoriamente, ou todo mundo estaria investindo nisso. Mas todos os países que estão investindo muito em renováveis, investem na margem, na franja. Claro tem exceções como a Noruega, mas de maneira geral, a base de qualquer sistema energético hoje ainda é o combustível fóssil. O Brasil é também uma exceção.

E quanto aos prazos? Vamos ter tempo de consumir e exportar todo aquele petróleo?

Investimentos na área de energia são de longuíssimo prazo. A hora que o Brasil inaugurar (a usina nuclear) Angra 3, ela funcionará por 40, 50 ou 60 anos. Uma térmica a carvão também dura 50 anos. O carro dura 20 anos então essa transição não se completará de uma hora para outra. Depois, o petróleo será cada vez mais importante para seus usos não energéticos. Toda a indústria química tem o petróleo como base. O plástico é derivado do petróleo. O uso não energético é um uso nobre, que produz bens duráveis. Mesmo que não fosse para energia, o pré-sal faria sentido para esses outros usos.

Se a política econômica for popularesca como a da Arábia Saudita, a da Venezuela e a do México, que por terem muito petróleo vendem a gasolina quase de graça, aí sim a emissão pode aumentar muito. É uma grande bobagem jogar dinheiro fora para subsidiar a classe média para andar de carro. Mas estamos partindo do princípio de que não será assim. O mundo vai pagar US$ 100 a tonelada de petróleo, a Petrobras vai se encher de dinheiro e, como o governo é o maior acionista, vai investir em solar, em eólica e em educação.

Mas o petróleo do pré-sal nem é tão barato quando o da Arábia Saudita e o da Venezuela, certo?

O pré-sal é caro para ser produzido, mas como os volumes achados são tão absurdamente altos pode-se dizer que terá um custo médio. É segredo de Estado o custo de produção de petróleo. Desconfia-se que na América do Sul e no Oriente Médio chega-se a produzir petróleo a US$ 5 o barril. No Canadá talvez custe US$ 50. No pré-sal desconfia-se que custe entre US$ 30 e US$ 40. Se for  vendido a US$ 100  ainda será um bom negócio.

Até quando vai durar a exploração do pré-sal?

O ciclo de um campo de petróleo é de 25 a 30 anos. Então na hipótese de não se achar mais petróleo no pré-sal, e na hipótese de começarmos a produzir com toda a capacidade em 2020, haverá um pico de produção em 2035. E lá por 2045 acaba. Talvez coincida com o ciclo final do petróleo no mundo. Otiming não está ruim. Se o Brasil achasse o petróleo daqui a 20 anos talvez não valesse mais a pena explorar. Mas agora vale. As pessoas gostam de andar de avião, de ter coisas de plástico. O petróleo permite esse conforto.

Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

O petróleo no mundo continuará sendo usado apesar do aumento da participação das renováveis, principalmente na área de transporte e indústria. Então é um benefício importante que a sociedade tem. E não é antagônico à mitigação dos gases de efeito estufa”

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dia do Pantanal (Bioma Riquíssimo!)

Robô Philae pousa em cometa e envia dados




AFP - Agence France-Presse
Publicação: 12/11/2014 20:52 Atualização:



   

A Europa fez história nesta quarta-feira, ao conseguir pousar seu primeiro robô em um cometa, mas o veículo não se firmou adequadamente no solo, despertando preocupação no controle da missão.
O laboratório mecanizado, do tamanho de uma geladeira e com cerca de 100 quilos de peso, tocou a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em uma manobra de alto risco, a mais de 510 milhões de quilômetros da Terra, anunciou a Agência Espacial Europeia (ESA).
Mas, ao invés de se prender à superfície do corpo celeste após uma descida de sete horas a partir da Rosetta, a sonda à qual estava acoplado, o robô pode ter pousado em uma superfície macia ou quicado suavemente para depois se estabilizar.
"Assim, talvez hoje não tenhamos pousado uma, mas duas vezes", disse o gerente encarregado do módulo Philae, Stephan Ulamec, no centro de controle em Darmstadt, Alemanha, algumas horas depois do pouso.
"Esperamos estar lá, posicionados na superfície em uma localização sutilmente diferente daquela do pouso original e continuar a fazer ciência", prosseguiu.
Vários instrumentos a bordo de Philae já enviaram à Terra uma "montanha de dados", afirmou.
Os engenheiros ainda precisam descobrir o que levou o robô a falhar no lançamento do par de ganchos na superfície do cometa, desenvolvidos para evitar que se afaste do corpo celeste, que tem baixíssima gravidade. Até agora, sua sorte é um mistério.
"Será que apenas pousamos em uma caixa de areia macia e tudo está bem, embora não tenhamos atracado, ou será que algo mais está acontecendo?", questionou Ulamec.
Com as comunicações entre Philae e a sonda comprometidas nas próximas horas, algo esperado pois Rosetta desaparece na órbita atrás do cometa, pode ser que haja poucas informações antes do boletim à imprensa, previsto para as 13H00 GMT (11H00 de Brasília) desta quinta-feira.
- 'Um grande passo' -
Apesar das incertezas, houve comemoração quando o Philae se separou de Rosetta, como previsto, e se dirigiu para o "67P" depois de uma jornada de uma década e 6,5 bilhões de quilômetros.
Uma multidão de cientistas, convidados e VIPs, inclusive dois astrônomos ucranianos que descobriram o cometa, em 1969, comemoraram quando chegou à Terra o sinal, confirmando o contato com o cometa.
"Este é um grande passo para a civilização humana", disse o diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain.
"Nossa ambiciosa missão Rosetta garantiu seu lugar nos livros de História. Não apenas é a primeira órbita e o primeiro encontro com um cometa, mas agora também é o primeiro envio, de parte de uma sonda, à superfície de um cometa", prosseguiu.
O diretor de ciência planetária da Nasa, Jim Green, também comemorou o feito.
"Quão audacioso, quão excitante, quão inacreditável é conseguir pousar em um cometa, dar este passo que todos queríamos dar, de uma perspectiva científica", afirmou.
"É o começo de algo importante. O Sistema Solar é da humanidade: esta missão é o primeiro passo para conquistá-lo. Ele é nosso", prosseguiu.
Aprovada em 1993 e com custo de 1,3 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão), a missão Rosetta se lançou ao espaço em 2004, levando junto o módulo Philae, equipado com 10 instrumentos.
Sonda e robô alcançaram seu alvo em agosto deste ano, usando o empuxo gravitacional da Terra e de Marte como verdadeiros estilingues espaciais.
Philae deveria ter feito uma descida suave, a 3,5 km/h sobre "67P" e disparado um par de ganchos sobre sua superfície, garantindo estabilidade durante suas explorações científicas.
Na última checagem antes da separação, um problema foi detectado com o pequeno propulsor no topo do robô, criado para neutralizar qualquer recuo durante o pouso.
Mas a falha não foi considerada séria o suficiente para suspender a contagem regressiva.
Ao orbitar lentamente o "67P" desde agosto, Rosetta fez algumas observações surpreendentes sobre o cometa.
Seu contorno lembra de alguma forma o de um patinho de borracha, mais escuro que o carvão e com uma superfície retorcida e bombardeada por bilhões de anos no espaço, o que fez dele um ponto difícil de pousar.
A missão de Philae inclui perfurar a superfície do cometa e analisar amostras de marcadores de isótopos de água e moléculas complexas de carbono.
Em Toulouse, sul da França, o astrofísico Philippe Gaudon, que chefia a missão Rosetta na agência espacial francesa (CNES), afirmou que será difícil para Philae fazer perfurações no cometa se não estiver atracado.
"Apesar disso, Philae não tombou e parece estar se estabilizando", acrescentou Gaudon. "E vários instrumentos continuam a operar, sobretudo de medição de temperatura, vibração, magnetismo, etc".
Ele e outros cientistas esperam que as amostras da perfuração do cometa lancem luz sobre como o nosso Sistema Solar e até mesmo a vida na Terra foram criados.
Segundo a teoria corrente, os cometas bombardearam a nascente Terra 4,6 bilhões de anos atrás, trazendo para cá moléculas de carbono e a preciosa água, partes importantes da caixa de ferramentas fundamental para a vida no nosso planeta.
Philae tem bateria suficiente para realizar cerca de 60 horas de trabalho, mas pode continuar até março, com uma recarga solar.
O que quer que aconteça com sua carga, Rosetta continuará a acompanhar o cometa, analisando-o com 11 instrumentos quando orbitar o Sol no ano que vem. A missão está prevista para terminar em dezembro de 2015.

domingo, 9 de novembro de 2014

Reutilização da água poluída (Água de Reuso)

A reutilização ou reuso de água ou, ainda em outra forma de expressão, o uso de águas residuárias, não é um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo há muitos anos. Existem relatos de sua prática na Grécia Antiga, com a disposição de esgotos e sua utilização na irrigação. No entanto, a demanda crescente por água tem feito do reuso planejado da água um tema atual e de grande importância. Neste sentido, deve-se considerar o reuso de água como parte de uma atividade mais abrangente que é o uso racional ou eficiente da água, o qual compreende também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água.

Dentro dessa ótica, os esgotos tratados têm um papel fundamental no planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos como um substituto para o uso de águas destinadas a fins agrícolas e de irrigação, entre outros. Ao liberar as fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, o uso de esgotos contribui para a conservação dos recursos e acrescenta uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos.

O ”reuso” reduz a demanda sobre os mananciais de água devido à substituição da água potável por uma água de qualidade inferior. Essa prática, atualmente muito discutida, posta em evidência e já utilizada em alguns países é baseada no conceito de substituição de mananciais. Tal substituição é possível em função da qualidade requerida para um uso específico. Dessa forma, grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso quando se utiliza água de qualidade inferior (geralmente efluentes pós-tratados) para atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos padrões de potabilidade.

Águas Residuárias

Águas residuais ou residuárias são todas as águas descartadas que resultam da utilização para diversos processos. Exemplos destas águas são:

Águas residuais domésticas:

Provenientes de banhos;
Provenientes de cozinhas;
Provenientes de lavagens de pavimentos domésticos.

Águas residuais industriais:

Resultantes de processos de fabricação.

Águas de infiltração:

Resultam da infiltração nos coletores de água existente nos terrenos.

Águas urbanas:

Resultam de chuvas, lavagem de pavimentos, regas, etc.

As águas residuais transportam uma quantidade apreciável de materiais poluentes que se não forem retirados podem prejudicar a qualidade das águas dos rios, comprometendo não só toda a fauna e flora destes meios, mas também, todas as utilizações que são dadas a estes meios, como sejam, a pesca, a balneabilidade, a navegação, a geração de energia, etc.

É recomendado recolher todas as águas residuais produzidas e transportá-las até a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Depois de recolhidas nos coletores, as águas residuais são conduzidas até a estação, onde se processa o seu tratamento.

O tratamento efetuado é, na maioria das vezes, biológico, recorrendo-se ainda a um processo físico para a remoção de sólidos grosseiros. Neste sentido a água residual ao entrar na ETAR passa por um canal onde estão montadas grades em paralelo, que servem para reter os sólidos de maiores dimensões, tais como, paus, pedras, etc., que prejudicam o processo de tratamento. Os resíduos recolhidos são acondicionados em contentores, sendo posteriormente encaminhados para o aterro sanitário.

Muitos destes resíduos têm origem nas residências onde, por falta de instrução e conhecimento das conseqüências de tais ações, deixa-se para o sanitário objetos como: cotonetes, preservativos, absorventes, papel higiênico, etc. Estes resíduos devido às suas características são extremamente difíceis de capturar nas grades e, conseqüentemente, passam para as lagoas prejudicando o processo de tratamento.

A seguir a água residual, já desprovida de sólidos grosseiros, continua o seu caminho pelo mesmo canal onde é feita a medição da quantidade de água que entrará na ETAR. A operação que se segue é a desarenação, que consiste na remoção de sólidos de pequena dimensão, como sejam as areias. Este processo ocorre em dois tanques circulares que se designam por desarenadores. A partir deste ponto a água residual passa a sofrer um tratamento estritamente biológico por recurso a lagoas de estabilização (processo de lagunagem).

O tratamento deverá atender à legislação (Resolução do CONAMA nº 020/86) que define a qualidade de águas em função do uso a que está sujeita, designadamente, águas para consumo humano, águas para suporte de vida aquática, águas balneares e águas de rega.

Tipos de Reuso

A reutilização de água pode ser direta ou indireta, decorrentes de ações planejadas ou não:

Reuso indireto não planejado da água: ocorre quando a água, utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração).Reuso indireto planejado da água: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico.O reuso indireto planejado da água pressupõe que exista também um controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no caminho, garantindo assim que o efluente tratado estará sujeito apenas a misturas com outros efluentes que também atendam ao requisito de qualidade do reuso objetivado.Reuso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, após tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação.

Aplicações da Água Reciclada

Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de auto-estradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais.Irrigação de campos para cultivos - plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento.Recarga de aqüíferos: recarga de aqüíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de recalques de subsolo.Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc.Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca.Usos diversos: aqüicultura, construções, controle de poeira, dessedentação de animais.

Problemática no Brasil

No Brasil, a prática do uso de esgotos - principalmente para a irrigação de hortaliças e de algumas culturas forrageiras - é de certa forma difundida. Entretanto, constitui-se em um procedimento não institucionalizado e tem se desenvolvido até agora sem nenhuma forma de planejamento ou controle. Na maioria das vezes é totalmente inconsciente por parte do usuário, que utiliza águas altamente poluídas de córregos e rios adjacentes para irrigação de hortaliças e outros vegetais, ignorando que esteja exercendo uma prática danosa à saúde pública dos consumidores e provocando impactos ambientais negativos. Em termos de reuso industrial, a prática começa a se implementar, mas ainda associada a iniciativas isoladas, a maioria das quais, dentro do setor privado.

A lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, em seu Capitulo II, Artigo 20, Inciso 1, estabelece, entre os objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a necessidade de “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”. Verificou-se, por intermédio dos Planos Diretores de Recursos Hídricos de bacias hidrográficas - em levantamento realizado a fim de se conhecer mais profundamente a realidade nas diversas bacias hidrográficas brasileiras - que há a identificação de problemas relativamente à questão de saneamento básico, coleta e tratamento de esgotos e propostas para a implementação de planos de saneamento básico. Entretanto, não se consegue identificar atividades de reuso de água utilizando efluentes pós-tratados per sei. Isso deve-se ao fato, talvez, do ainda relativo desconhecimento dessa tecnologia e por motivos de ordem sócio-cultural. 

Mesmo assim, considerando que já existe atividade de reuso de água com fins agrícolas em certas regiões do Brasil, a qual é exercida de maneira informal e sem as salvaguardas ambientais e de saúde pública adequadas, torna-se necessário institucionalizar, regulamentar e promover o setor através da criação de estruturas de gestão, preparação de legislação, disseminação de informação, e do desenvolvimento de tecnologias compatíveis com as nossas condições técnicas, culturais e socioeconômicas.

É nesse sentido que a Superintendência de Cobrança e Conservação - SCC - da Agência Nacional de Águas, inova ao pretender iniciar processos de gestão a fim de fomentar e difundir essa tecnologia e ao investigar formas de se estabelecer bases políticas, legais e institucionais para o reuso de água neste país.

Fonte: ww.reusodeagua.hpg.com.br e ww

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

How To Survive The End of The World

http://channel.nationalgeographic.com/channel/how-to-survive-the-end-of-the-world/videos/itll-rain-for-the-next-300-years/?source=searchvideo

sábado, 1 de novembro de 2014

Fiquem de Olho!

O comércio está adotando uma pratica excludente que visa limitar o acesso da população ao crédito, com base num conceito chamado score, que avalia a possibilidade do cidadão dar calote no comércio e esse critério é adotado mesmo se o cidadão tem o nome limpo ou se  regularizou sua situação frente aos credores.
Do jeito que as coisas vão,  se essa prática excludente continuar, a economia vai afunilar e o país entrar em recessão, pois o que move a economia é o poder de compra do cidadão e quando este item lhe é tirado, quebra o ciclo de consumo e comercio, que dá vida a economia.