sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Não, nós não corremos perigo com a inversão do campo magnético da Terra

Fonte: National Geografic Brasil

Um apocalipse geomagnético pode não estar próximo, mas existe uma ciência fascinante por trás da propaganda do fim do mundo. 


Muitas vezes na história do nosso planeta, os polos magnéticos da Terra se inverteram. Isso significa que uma bússola que aponta para o norte estaria apontando para a Antártida e não para o Ártico. Isso pode parecer estranho, mas é uma peculiaridade relativamente previsível. Movido pelas alterações do núcleo de ferro e da rotação da Terra, esse processo de inversão geomagnética tem feito o seu trabalho sem muita fanfarra por eras.

Isso é, até essa semana, quando um trecho de um livro descrevendo esse fenômeno apareceu online. Pouco tempo depois, vários websites começaram a anunciar que o fim do mundo estava chegando, um apocalipse geomagnético no qual tumores aparecem desenfreados, satélites caem do céu e a vida na Terra como conhecemos deixa de existir.

Verdade. Quase certeza que a vida na Terra será diferente do que conhecemos hoje em vários milhares de anos. Mas esses polos acrobáticos têm muito a ver com isso?

Primeiro, as coisas mais importantes: todos nós vamos morrer?

Sim. Calma, calma!

Eventualmente, todos nós vamos morrer. Mas é provável que não morramos imediatamente, ou em um futuro próximo, quando a próxima inversão geomagnética da Terra acontecer.

Beleza. Então o que é uma inversão geomagnética?

Se a história geológica se repetir, os polos magnéticos da Terra devem eventualmente trocar de lugares. Isso é inegável. Baseado nos vestígios magnéticos deixados em rochas antigas, sabemos que nos últimos 20 milhões de anos, o norte e o sul magnético se inverteram aproximadamente a cada 200 e 300 mil anos (no entanto, essa taxa não é constante para toda a existência do planeta). A última dessas grandes inversões ocorreu há 780 mil anos, apesar de os polos passearem sem rumo entre essas grandes inversões.

Isso significa que estamos um pouco atrasados para uma inversão completa e alguns dados sugerem que uma inversão geomagnética é geologicamente iminente. Mas isso não quer dizer que uma inversão polar vai acontecer amanhã ou em um futuro próximo. E poderíamos apostar muito dinheiro que, por enquanto, o norte ainda aponta para o Ártico, apesar de nenhum de nós saber quando acontecerá a próxima inversão completa.

Tudo bem. Mas se acontecer logo, isso não será ruim?

Isso também não é claro. Cientistas estimam que as inversões polares anteriores foram lentas, com o norte e o sul migrando para as posições opostas durante cem anos. Isso é bom e ruim se você está preocupado em como uma inversão geomagnética irá afetar a vida na Terra.

A lenta inversão polar é boa porque isso significa que temos tempo para nos preparar e podemos fazer o nosso melhor para aperfeiçoar quaisquer efeitos desagradáveis antes deles realmente ficarem desagradáveis. Mas é ruim, porque o campo magnético do nosso planeta ajuda a nos proteger de prejudiciais radiações solares e cósmicas e uma inversão demorada significa que a Terra pode estar levemente menos protegida contra os nocivos raios espaciais por mais tempo do que gostaríamos.
Não é também nada muito dramático porque isso não significa que, de repente, você irá acordar e descobrir que o seu smartphone ache que a fábrica do Papai Noel é no Hemisfério Sul.

Que pena, isso parece chato. Então o que vamos realmente perceber?

O único grande efeito notável que certamente ocorrerá é que quando a inversão polar terminar, a agulha de sua bússola lhe dirá que o Norte é na Antártida e o Sul é em algum lugar perto do Canadá. Isso fará com que os nomes dos continentes americanos sejam temporariamente confusos (pelo menos, em uma escala de tempo geológico), mas será uma boa história para contar nas salas de aula.

Outra consequência interessante será que animais que usam o campo magnético da Terra para se locomover, como aves, salmões e tartarugas-marinhas, poderiam se perder durante viagens de rotina.  Eventualmente, eles irão organizar tudo e, assim como todas as outras coisas, a vida continuará. Muitos profetas do fim do mundo tentaram comparar as inversões geomagnéticas com as extinções em massa, mas os dados não são os mesmos.

Então não tem nada com que se preocupar?

Não exatamente. É verdade que quando os polos se invertem, o campo magnético da Terra pode ficar mais fraco, mas a sua força já é bem variável, então isso não é necessariamente incomum e, de acordo com a Nasa, não tem nenhuma indicação de que a Terra desaparecerá por completo. Por quê? Porque isso nunca aconteceu.

No entanto, se o campo magnético ficar substancialmente mais fraco e ficar dessa maneira por um período significativo, a Terra estará menos protegida de numerosas partículas de alta energia que estão constantemente voando ao redor no espaço. Isso significa que tudo no planeta será exposto a altos níveis de radiação, o que com o tempo poderia produzir um aumento de doenças como o câncer, assim como danificar espaçonaves e redes elétricas na Terra.

Essas são as consequências para as quais podemos nos preparar, e no que diz respeito a tudo abaixo da estratosfera, nós teremos uma atmosfera boa e espessa que também nos ajudará, agindo como um escudo.

Por enquanto, estamos fazendo um ótimo trabalho ao lançar toxinas carcinogênicas no meio ambiente e alterar a forma que os ecossistemas normalmente funcionam, então tem coisas piores com o que se preocupar a curto prazo.


Dito isso, um bônus de ter um campo magnético mais fraco é que as auroras serão visíveis de latitudes muito menores – o céu noturno será muito mais épico.

Batalha fatal entre cobra-real e píton termina em um nó

Fonte: National Geografic Brasil

Uma foto viral, provavelmente feita no sudeste da Ásia, mostra um encontro raro. 


Recentemente, uma batalha letal entre duas titãs escamosas terminou em empate, deixando para trás uma cena retorcida e apavorante. Uma das combatentes, uma cobra-rei, foi estrangulada. A segunda, uma píton-reticulada, também foi morta. Mordida atrás da cabeça pela cobra-rei e sofrendo por causa do veneno mortal da cobra, a píton tentou defender a sua vida estrangulando a sua agressora até a morte. Deu certo.
Mas nenhuma das duas sobreviveu.
“É uma loucura, mas é algo que eu poderia ver acontecer facilmente. É um mundo perigoso lá fora, comer outras cobras grandes e coisas que poderiam matar você”, disse Coleman Sheehy, do Museu de História Natural da Flórida. Ele disse que o conflito mortal provavelmente aconteceu no sudeste da Ásia, onde as duas espécies de cobra dividem habitat.
Ambas as cobras são supremas entre as parentes rastejantes, e como às vezes acontece com esses seres, uma foto dos corpos acabou no Facebook. Uma vez postada, a imagem rapidamente atraiu a atenção de herpetólogos e de outras pessoas chocadas com aquela imagem incomum (todos conhecemos o ouroboros, um símbolo que mostra uma serpente mordendo a sua própria cauda, mas quem já viu uma píton morta enrolada em uma cobra-rei morta?).  “Parece real, não parece que tem Photoshop nem nada”, disse Frank Burbrink, do Museu Americano de História Natural. “É um encontro estranho, mas muitas coisas que acontecem com cobras nunca são fáceis de se ver.”

Mistura letal

Isso é verdade até quando duas espécies gigantes de cobras estão envolvidas.
Cobras-rei são as maiores cobras venenosas do mundo – algumas medem 5,4 metros. E, como o nome do gênero Ophiophagus sugere, cobras-rei são especialistas em comer outras cobras. Quando essas cobras atacam, elas miram na base da cabeça de suas vítimas e então as matam ao injetar um coquetel venenoso, que rapidamente paralisa o sistema nervoso e as presas das vítimas.
“Elas podem muito bem derrotar a maioria das cobras que encontram,” disse Sheehy.
Pítons-reticuladas, por sua vez, são as maiores cobras do mundo – algumas ultrapassam 9 metros de comprimento. Elas usam os músculos para estrangular as refeições, que normalmente são mamíferos e não outras cobras. “Se teve um evento predatório aqui, foi a cobra-rei em cima da píton”, disse Burbrink. “E não deu certo para nenhuma das duas.”

Selvagem?

Não está claro o quão frequente são esses conflitos entre cobras grandes na natureza. E Burbrink não tem muita certeza de que essa luta até a morte tenha resultado de um encontro natural.
“Sabemos que cobras-rei comem outras cobras, mas nunca se sabe se as pessoas estão fazendo coisas idiotas para armar tudo isso”, disse Burbrink. “As pessoas criam cobras-rei e pensam: ‘Vamos ver o que acontece se eu colocar essas duas cobras em uma pequena vala.’ Pode-se ver que há barrancos em ambos lados [na foto] e elas podem ter se enfrentado ali mesmo, mas isso poderia ter acontecido na natureza também. Eu queria ter estado lá para ver isso.” Mas não importa qual foi a origem, parece que a sequência dos eventos é clara neste caso. A cobra-rei tentou morder um pouco mais do que poderia engolir, devido ao grande tamanho de uma píton adulta. E a píton, por sua vez, fez exatamente o que as pítons fazem: ela se enrolou ao redor da cobra-rei e a estrangulou.
No final, infelizmente, o poder da píton não foi o suficiente para vencer o veneno da cobra-rei.
“Isso mataria a píton muito rápido,” disse Sheehy. “Provavelmente as duas estariam mortas em 30 minutos.”

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Espraiamento Urbano

Espraiamento
Espraiamento (urban sprawl) é o termo usado para a expansão horizontal das cidades, ou espalhamento, muito antes de atingir uma densidade demográfica ideal nas áreas já consolidadas. É assim que nascem os bairros-dormitório, que surgem a uma maior distância do centro do que o resto da cidade. Futuramente, esses bairros podem até se tornar cidades-dormitório.
Nos anos 60 e 70, as periferias dos grandes centros urbanos brasileiros cresceram de forma descontrolada, expandindo o tecido urbano. É lá que foram morar os mais pobres, longe de seus empregos e muitas vezes em áreas de risco à ocupação. Isso gera uma grande demanda por serviços, que ficam sem atendimento. Quando as áreas centrais valorizam demais, o preço do metro quadrado fica caro para a população mais pobre, que busca novos espaços.
Em cidades grandes, é comum que pessoas que atingem um certo poder aquisitivo se mudem de suas casas na cidade para bairro distantes, fora da malha urbana, em condomínios onde antes era uma zona rural. Esses condomínios garantem sossego, mas contribuem para  o crescimento horizontal que pode ser danoso ao equilíbrio da cidade, uma vez que gera grandes deslocamentos em áreas de poucos serviços públicos e estimula a mobilidade individual.
Tanto a verticalização, quanto o espraiamento de uma cidade podem ser vantajosos ou onerosos, dependendo da origem do fenômeno, sua velocidade, seu controle e principalmente sua contribuição para a dinâmica da cidade. A maneira como a cidade é planejada, tanto urbanisticamente quanto em sua mobilidade, tem impacto direto nesses dois fenômenos. Veja aqui outros termos arquitetônicos explicados em nosso glossário.