segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Billings pode evitar o rodízio? Veja fatos e a opinião de especialistas


São Paulo planeja retirar mais água da Represa Billings, na Zona Sul de São Paulo, para reforçar os sistemas Guarapiranga e Alto Tietê. A medida integra um pacote de ações para amenizar a falta d’água no estado. Mas, quais os impactos e as possibilidades para o uso da represa? Ela pode salvar os clientes da Sabesp que dependem do Cantareira?
O G1 ouviu especialistas e o governo. Veja abaixo fatos e opiniões sobre o tema:

Atualmente o Cantareira abastece 6,2 milhões de pessoas. Antes da crise, eram 9 milhões. A diferença foi absorvida pelos outros sistemas e a Sabesp não divulgou novos planos para ampliar a interligação de toda rede e migrar todos os clientes do Cantareira para outros sistemas.

GERA ENERGIA E ABASTECIMENTO

O primeiro uso da Billings, na primeira metade do século 20, foi para armazenamento de água para geração de energia elétrica na Usina de Henry Borden, em Cubatão, na Baixada Santista. Mas, ao longo do tempo e com o crescimento de São Paulo, o uso prioritário passou a ser para o abastecimento da população nos moldes de hoje.
Ao todo, a Billings colabora com 7,7 metros cúbicos por segundo de água para atender 2,3 milhões de pessoas pelos sistemas Rio Grande e Guarapiranga. Isso corresponde a um terço do Cantareira ou metade do Alto Tietê. Na Baixada Santista, o Rio Cubatão também usa água da represa para abastecer 250 mil pessoas, segundo a Sabesp.

VOLUME É DE 500 BILHÕES DE LITROS

A Represa Billings tem capacidade para armazenar 1,2 trilhão de litros e é considerada o maior reservatório da região metropolitana de São Paulo, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Em janeiro, o volume armazenado era cerca de 500 bilhões de litros. Para efeito de comparação, o terceiro volume morto do Cantareira tem 41 bilhões de litros. Apesar disso, ela não é considerada como um dos sistemas de abastecimento da Grande São Paulo e fornece água para complementar sistemas.

ESTIMATIVA É DE 4,5 MILHÕES

Estima-se que a Billings teria capacidade para fornecer água a cerca de 4,5 milhões de pessoas, o que não ocorre devido à poluição e intensa ocupação irregular nas margens, segundo especialistas.
A presença de contaminantes industriais é outra preocupação. “A Billings foi um reservatório que por muito tempo foi usado para receber afluente industrial, e o lodo no fundo da represa ainda tem uma concentração grande desses resíduos”, explicou o professor associado do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da Escola Politécnica da USP, José Carlos Mierzwa.

REPRESA TEM NÍVEIS DIFERENTES DE ESGOTO EM CADA TRECHO

A água da represa tem níveis diferentes de poluição. Desde 1958, a Sabesp usa água de dois braços da represa: do Rio Grande retira 5,5 m³/segundo para atender Diadema, São Bernardo e parte de Santo André. Essa parte do manancial é considerada mais limpa e é isolada da parte mais poluída da Billings.
Do Rio Taquacetuba retira 2,19 m³/segundo. Esse trecho é mais contaminado porque está próximo à área de descarga da água dos rios Tietê e Pinheiros sem tratamento, e enviados para o Guarapiranga.  Entretanto, nem toda a represa tem a mesma qualidade. Teste feito a pedido do Bom Dia Brasil com uma amostra da Billings mostrou que a água está contaminada por bactérias, como escherichia coli, salmonella e shigella, provenientes da contaminação por esgoto não tratado.

HÁ TECNOLOGIA DISPONÍVEL PARA TRATAR A ÁGUA A REPRESA

As técnicas convencionais de limpeza da água usadas hoje em São Paulo não são suficientes, segundo o professor da USP José Carlos Mierzwa. Ele indica sistemas mais sofisticados, como o de membranas ultrafiltrantes, meio com mais capacidade para reter impurezas, como alternativa.